terça-feira, 9 de outubro de 2007


"Nós vamos ensinar você o fervor.
Nossos atos se prendem a nós, como ao fósforo sua luz.
Nos consome é verdade, mas fazem nosso esplendor.
E se nossa alma valeu alguma coisa é por ter ardido mais intensamente do que outras.
Vamos ensinar a você o fervor.
Uma existência patética.
Não a tranquilidade. Ser tranquilo é ser trágico.
Eu não almejo outro repouso que o sono da morte.
Espero depois de ter exprimido nesta terra tudo que havia em mim. Satisfeito morreu completamente.
Desesperado por fazer ainda mais.
Nossa vida a de ser diante de nós como um copo de água gelada.
O copo úmido nas mãos de quem tem febre e quer beber, e bebe tudo de uma vez.
Sabendo que devia guardar, mas não podendo tirar dos lábios o copo delicioso.
Tão fresca é a água e tão apaziguadora da sede."

André Gide*


****
Se temos assim, tanta vontade de viver,
de mudar a nossa realidade,
se gritamos nas praças,
nas salas de aula,
nas mesas dos bares,
nas rodinhas cheias de amigos,
palavras de ordem, espalhamos o nosso
conhecimento de história e política,
criando e recriando ideais
para uma sociedade mais humana,
mais digna de ser vivida...
Que não sejamos mesmo só de palavra.
A idéia precisa de atitude pra ter um real significado.
E precisamos aprender a ver,
e respeitar o que nos pareça, ou realmente seja
diferente.
E precisamos ter força. E Fome.
Fome de atitude, de transformação.

1 comentário

Vinícius Rennó disse...

Belos poemas. Por isso que eu gosto do pessoal das Letras. Mesmo num lugar onde se deveria manter seriedade chata, há liberdade. ^^

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