segunda-feira, 12 de março de 2007

Sobre a caligrafia

Arnaldo Antunes
20/03/2002

Caligrafia.
Arte do desenho manual das letras e palavras. Território híbrido entre os códigos verbal e visual.
— O que se vê contagia o que se lê. Das inscrições rupestres pré-históricas às vanguardas artísticas do século XX.
Sofisticadamente desenvolvida durante milênios pelas tradições chinesa, japonesa, egípcia, árabe.
Com lápis, pena, pincel, caneta, mouse ou raio laser.
— O que se vê transforma o que se lê. A caligrafia está para a escrita como a voz está para a fala. A cor, o comprimento e espessura das linhas, a curvatura, a disposição espacial, a velocidade, o ângulo de inclinação dos traços da escrita correspondem a timbre, ritmo, tom, cadência, melodia do discurso falado.
Entonação gráfica.
Tais recursos constituem uma linguagem que associa características construtivistas (organização gráfica das palavras na página) a uma intuição orgânica, orientada pelos impulsos do corpo que a produz.
Assim como a voz apresenta a efetivação física do discurso (o ar nos pulmões, a contração do abdómen, a vibração das cordas vocais, os movimentos da língua), a caligrafia também está intimamente ligada ao corpo, pois carrega em si os sinais de maior força ou delicadeza, rapidez ou lentidão, brutalidade ou leveza do momento de sua feitura.
A irregularidade do traço denuncia o tremor da mão. O arco de abertura do braço fica subentendido na curva da linha. O escorrido da tinta e a forma de sua aborção pelo papel indicam velocidade. A variação da espessura do traço marca a pressão imprimida contra o papel. As gotas de tinta assinalam a indecisão ou precipitação do pincel no ar.
Rastos de gestos.
A própria existência de um saber como o da grafologia, independentemente de sua finalidade interpretativa sobre a personalidade de quem escreve, aponta para a relevância que podem ter os aspectos formais que, muitas vezes inconscientemente, constituem a "letra" de uma pessoa.
O atrito entre o o sentido convencional das palavras (tal como estão no dicionário) e as características expressivas da escritura manual abre um campo de experimentação poética que multiplica as camadas de significação.Além disso, suas linhas, curvas, texturas, traços, manchas e borrões, mesmo que ilegíveis, ou apenas semi-decifráveis, podem produzir sugestões de sentidos que ocorrem independentemente do que se está escrevendo, apenas pelo fato de utilizarem os sinais próprios da escrita.
O A grávido de O.
Érres e ésses atacando Es.
A multiplicação de agás.
Rios de Us e emes e zês.
Esqueletos de signos fragmentados.
Dança de letras sobrepostas possibilitando diferentes leituras.
Paisagens.
Horizontes ou abismos.

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quarta-feira, 7 de março de 2007




Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível que lhe deres:
Trouxeste a chave?
Carlos Drummond de Andrade

Culturalmente atribuímos à palavra um peso fundamental, pois a partir do momento que as relações sociais se tornaram mais complexas, as palavras alcançaram uma dimensão que ultrapassa o oral, sendo exercitada também na dimensão escrita. Através dos textos foi possível, portanto, difundir idéias, sistematizar e acumular conhecimentos.
Ler e escrever são atos de comunicação, e a comunicação é o canal que nos possibilitou e possibilita a apreensão de aspectos culturais existentes na sociedade. Comunicação e cultura são indissociáveis.

O Blog da Executiva Nacional d@s Estudantes de Letras, é um canal de comuniação que visa valorizar e publicar diversos textos (poema, crônica, conto, artigo ou resenha) escritos pelos estudantes de Letras de todo Brasil. Os interessados deverão enviar alguns breves dados pessoais (nome, idade,contato, etc), o nome da instituição em que estuda e seus respectivos textos para blog@exnel.org.br. O Blog será atualizado semanalmente, e os textos manterão os devidos créditos aos autores.

Estamos, portanto, em boa companhia. E temos de troco, uma boa sugestão, se cada leitor preocupado com a leitura do próximo, sobretudo leitores-professores, leitores-pasi-e-mães, leitores-tios-e-tias, leitores-avôs-e-avós, montar sua própria antologia e contagiar por ela outros leitores, sobretudo leitores-alunos, leitores-filho-e-filhas, leitores-sobrinhos-e-sobrinhas, leitores-netos-e-netas, por certo a prática de leitura na comunidade representada por tal círculo de pessoas, terá um sentido mais vivo. E a vida será melhor iluminada pela leitura solidária de histórias, de contos, de poemas, de romances, de crônicas, e do que mais falar a nossos corações de leitores que, em tarefa de amor e paciência, apostam no aprendizado social da leitura.”( Marisa Lajolo)

Vanelise Bernardes, Letras-Português/Inglês - Universidade Estadual de Goiás (UEG). Cidade de Goiás.


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